APLICAÇÕES DO SANDPLAY PSICODRAMÁTICO NO CAMPO PSICOTERÁPICO E SOCIO-EDUCACIONAL
Cybele Maria Rabelo
Ramalho*
Vanessa Ramalho F.
Strauch*
Este texto visa refletir a respeito do percurso do Psicodrama enquanto abordagem aberta à criação de novas estratégias e técnicas, numa visão transdisciplinar. Apresentamos o relato de uma pesquisa que temos desenvolvido a respeito do que denominamos de Sandplay Psicodramático. Este é um jogo desenvolvido na caixa de areia, inspirado na técnica clássica do Sandplay da abordagem junguiana, porém adaptado ao contexto teórico e prático do Psicodrama e ampliado para o foco sócio-educacional, além do clínico. Apresentaremos a técnica clássica do Sandplay (desenvolvida pelos terapeutas junguianos) e, em seguida, demonstraremos como desenvolvemos na nossa experiência, uma pesquisa de adaptação desta técnica no contexto do Psicodrama, tanto no bipessoal, quanto grupal e com casais, nos focos psicoterápico e sócio-educacional. Ilustramos este capítulo apenas com breves exemplos da aplicação deste jogo no contexto psicoterápico, na psicoterapia de casais e com uma criança.
Introduzindo...
Partimos da premissa de que, apesar de se
constituírem teorias aparentemente distantes, aproximações podem ser feitas
entre algumas técnicas desenvolvidas pelas abordagens Junguiana e
Psicodramática (RAMALHO, 2002). Como antecedentes históricos, temos já na
literatura psicodramática o exemplo do Psicodrama Interno, técnica
psicodramática desenvolvida por Fonseca e Dias (1980), recebendo a influência
da técnica da Imaginação Ativa de Carl Gustav Jung (1875-1961), entre outras.
Este último privilegiou o trabalho espontâneo com as mãos para o desenvolvimento
das “sementes criativas” do
indivíduo, revelando que, quando há um alto grau de crispação e de rigidez do
consciente, muitas vezes só as mãos
são capazes de fantasiar, de criar
de possibilitar o acesso a imagens inconscientes.
Por outro lado, Jung desenvolveu a
técnica da Imaginação Ativa (já descrita no capítulo II deste livro), que toma
como ponto de partida uma imagem de sonho ou de fantasia, em seguida solicita
que o cliente desenvolva livremente o tema trazido pela imagem, utilizando não
somente a palavra (o diálogo, o confronto com a imagem), mas também outras
possibilidades: a dramatização, a dança, a escrita (inventar uma estória), a
pintura, a criação de uma cena ou ritual, a modelagem, etc. Assim, ele instala,
à semelhança de Jacob Levy Moreno (1889-1974) com o Psicodrama, a conjugação da
imagem com a ação, promovendo o desdobramento do processo inconsciente.
O objetivo da Imaginação Ativa
desenvolvida por Jung é o diálogo ou confrontação com imagens inconscientes,
para que estas possam ser compreendidas e se alcance seus múltiplos sentidos,
sejam eles ao nível do inconsciente pessoal, do co-inconsciente ou do coletivo.
Nos casos de maior dificuldade emocional, como é o caso das psicoses,
recomenda-se estabelecer-se uma comunicação inicial a nível não-verbal, pois a
verbal só terá êxito quando o processo de crescimento e de elaboração do
cliente estiver bastante adiantado (SILVEIRA, 1981:102).
Citamos o trabalho de Jung e em
especial a obra de Nise da Silveira aqui no Brasil (1981), no Museu de Imagens
do Inconsciente (Rio de Janeiro), como antecedentes históricos para a terapia
na Caixa de Areia. Esta, por sua vez, é um exemplo de trabalho específico com a
Imaginação Ativa e com uma realidade suplementar, e também parte do princípio
básico de que a expressão plástica e criativa em geral é um eficaz e importante
recurso terapêutico.
Porém, o estudo de imagens do
inconsciente nos obriga a inserir uma nova visão científica e uma ampliada visão
de homem. A adotar a visão de que o homem é um ser físico e metafísico,
material e meta-natural, cultural e meta-cultural. A ver o homem como um ser
cosmo-psico-bio-antropossocial, inserido na Natureza, na cultura e na diáspora
global cósmica. Nos leva a revisar e ampliar os modelos da ciência psicológica
e a usar um novo paradigma científico, que abarque a lógica a-causal,
intuitiva, integradora. Assim, adotar uma visão eco-sistêmica-complexa (MORIN,
2001).
Segundo o próprio Jung, esta nova
visão nos leva a promover a abertura da razão para outros saberes e aceitar a
possibilidade da indeterminação, da incerteza, da imprevisibilidade e da
sincronicidade. A ter coragem para investigar fenômenos tidos como não
científicos pelo paradigma cartesiano (que é linear, apolíneo, mecanicista,
simplificatório, reducionista, pois costumou dualizar razão/imaginação,
sujeito/objeto, etc.). Assim, o psicoterapeuta deverá investigar as imagens e
sombras do inconsciente sem os métodos racionais costumeiros, ou seja, estando
aberto à utilização da arte como meio de acesso ao inconsciente (pessoal ou
coletivo), não dissociando arte-vida-ciência.
A Socionomia de Moreno, por outro
lado, parte da compreensão em redes de relações sociais, inserindo-se também no
novo paradigma contemporâneo da complexidade, uma vez que focaliza a
compreensão eco-sistêmica das realidades. Podemos afirmar que, para Moreno, o
sujeito não é apresentado como origem, como algo pré-formado, acabado, como
algo a priori; e sim como campo de
produção, de subjetivação, campo que se define num espaço-tempo determinados,
nas relações que vão se constituindo.
Afirma Edgar Morin (2001) que somos
parte do cosmos, mas cada indivíduo com sua singularidade. O mundo está inscrito
em nós. No universo, tudo está relacionado, a parte no todo e o todo na parte,
ou seja, o universo está inscrito em nós. E nos afirma igualmente Moreno, que
todos os seres humanos são infinitamente criadores e co-criadores num mundo de
relações, independentes uns dos outros (singularidades), mas na
inter-subjetividade e numa unidade com o cosmos. "Esta é a lei do
universo: onde houver uma parte da criação, estará uma parte do criador, uma
parte de mim" (MORENO, 1975, p 78).
Na Socionomia Moreniana, portanto, o
grupo é atravessado pela transversalidade, cada indivíduo contém o grupo e é
contido por ele. O indivíduo em uma sociedade é uma parte do todo, que intervém
na sua história desde o nascimento, através de linguagens, normas, proibições,
aprendizagens, desempenho de papéis, etc.
Enfim, afirmamos que Moreno e Jung,
cada um através do desenvolvimento de teorias e metodologias próprias, talvez
complementares, se aproximam nesta forma de pensar a complexidade dos fenômenos
da natureza e do humano, inserido numa rede de relações. Moreno, centrado nas
relações interpessoais e Jung, nas relações do homem consigo mesmo, mas ambos
sem perder de vista suas relações mais amplas e transcendentes. Com isto,
justificamos a direção desta pesquisa com o Sandplay Psicodramático, uma
estratégia de trabalho que integra um pensar complexo e multidisciplinar, entre
a obra psicodramática de J. L. Moreno e a obra da Psicologia Analítica de Jung.
Desenvolvendo...
A Terapia na Caixa de Areia (ou Sandplay) não é considerada uma simples técnica,
mas uma forma metodológica de
psicoterapia desenvolvida inicialmente pelos analistas junguianos. É uma forma
de terapia não-verbal, vivencial, não racional, que visa atingir um nível mais
profundo da psique. O jogo de areia foi idealizado por Margareth Lowenfeld em
1929, quando criou a Word Technique,
introduzindo o brinquedo na relação analítica com crianças.
A analista junguiana suíça Dora Kalf,
em 1956, aperfeiçoa a técnica de Lowenfeld e publica o livro Caixa de Areia: uma abordagem
psicoterapêutica da psique. O seu método permite uma regressão criativa e
facilita o processo de crescimento psicológico, através da expressão tangível,
concreta e tridimensional dos conteúdos inconscientes. Assim, o Sandplay na
abordagem Junguiana permite o fazer simbólico da psique, se constituindo num
método psicoterápico do nível pré-verbal, pois as cenas representadas no
cenário da Caixa de Areia são consideradas fotografias do inconsciente, naquele
momento específico. Através da criação com as mãos, as forças se tornam
visíveis e reconhecíveis, ou seja, o interior e o exterior de algum modo se
conectam. Por outro lado, atua como um processo transformador da visão de
mundo, levando a uma ampliação da consciência, a partir do confronto com os
processos inconscientes (WEINRIB, 1993; AMMANN, 2002; FRANCO, 2003).
O Sandplay na Caixa de Areia se
caracteriza por ser um jogo sem regras, com as seguintes características:
a) Equipamento:
uma ou duas caixas retangulares, uma com areia seca outra com areia
molhada. Dimensões: 72 cm x 50 cm x 7,5 cm . A caixa é cheia de
areia clara, tem um fundo azul escuro (para imitar mar, rio) e as bordas são
azul claro (para imitar o horizonte);
b) Miniaturas
variadas, que são representações da realidade e do imaginário, ou seja, muitos
objetos à mostra, simbólicos ou não, utilizados para re-criar o mundo. Quanto
maior o número de miniaturas a disposição nas prateleiras, melhor. Deve incluir
animais, vegetais, formas humanas diversas, figuras mitológicas, de contos de
fada, objetos (dos mais simples aos mais simbólicos);
c) Nenhuma
instrução rigorosamente é dada. Em geral, a caixa só deve ser oferecida após
uma vinculação já estabelecida com o terapeuta, e quase nunca nas primeiras
sessões. Se o cliente solicitar logo no início da terapia, o terapeuta deve
explicar-lhe que a técnica aborda outra linguagem e que haverão sessões em que
ela será necessária, para se utilizar uma outra forma de se comunicar, além dos
desenhos, dos sonhos, etc.
Ao propor iniciar o trabalho na caixa, o terapeuta deve intervir, dizendo mais ou menos o seguinte:“Coloque as mãos na areia, e sinta-a, livremente... deixe que ela fale algo para você... Olhe os objetos ou miniaturas nas prateleiras, atentamente... Deixe os objetos lhe chamarem.... deixe-se atrair por eles. Pegue-os e construa uma cena ou cenário com eles na areia... Não pense muito, tente não racionalizar, nem se preocupar com a beleza... use a sua imaginação".No final do trabalho, o terapeuta deve questionar : “Você quer falar alguma coisa ? Quer dar um título a este cenário ? Quer criar uma estória com ele ?”.
Integrando Sandplay e Psicodrama
Ao criarmos nossa adaptação da técnica
junguiana para a abordagem psicodramática, realizamos uma pesquisa de longa
duração (entre 2002 e 2004) com a aplicação da técnica em diversas modalidades de atendimentos.
Seguimos estas instruções originais da técnica clássica, mas, após a criação da
estória, propomos ao cliente que ele dramatize a cena, se colocando
inicialmente no papel de cada elemento escolhido e falando em nome dele, no
“como se”, sendo pelo terapeuta entrevistado. Em seguida, solicitamos que
inverta os papéis, e daí por diante podemos utilizar as demais técnicas básicas
do Psicodramas, como por exemplo: o duplo, a entrevista nos papéis,
solilóquios, a interpolação de
resistências, pedir que movimente as peças como desejar, usando a inversão de
papéis promovendo confrontos entre as miniaturas, etc.
O cliente é encorajado a criar aquilo
que desejar na caixa de areia (exemplos: um cenário qualquer, uma paisagem
qualquer, passagens de sonhos, uma imagem de como sente uma relação
interpessoal ou consigo mesmo, esculpir na areia livremente, etc.).
Consideramos o Sandplay é uma espécie
de “imaginação ativa concreta”, mas que também permite o acesso a uma realidade
suplementar. Observamos que a encenação na caixa pode revelar alguns complexos
emocionais, a relação persona X sombra, papéis imaginários e de fantasia, que
podem ser então trabalhados através da ação psicodramática.
Apesar de atrair muito às crianças, o
adulto também brinca na caixa com seriedade, entrando num rito de iniciação do
sentimento, do afeto e do mundo espontâneo-criativo da criança. Lembranças
perdidas vêm à tona e aumenta a capacidade de distinguir o ilusório do real,
uma vez que trabalha na "brecha entre a fantasia e realidade". Por
outro lado, favorece a catarse de sentimentos.
Após construir o cenário e construir
posteriormente uma estória imaginária ou uma fantasia, propõe-se ao cliente o
desenvolvimento de uma ação dramática em seguida. Porém, esta só se tornará
mais eficaz se for desenvolvido um projeto dramático conjunto, entre terapeuta
e cliente, com uma resolução dramática.
Assim, a técnica em si mesma pode se
tornar também uma forma de reflexão, pois fomenta a sensibilidade para as
imagens internas, condição para o relacionamento com o mundo interior,
favorecendo a concentração relaxada. Ao se completar o cenário, a tensão é
aliviada, toma-se consciência da condição interna exposta.
Enquanto psicodramatistas, ao utilizarmos o Sandplay como um jogo
psicodramático, introduzindo a ação dramática na caixa, a ênfase para nós é a
busca da dramaticidade, do conflito ou do tema protagônico a ser trabalhado.
Partimos do princípio de que se compreende melhor uma ação se ela for
dramatizada, vivenciada, experienciada, de preferência com efeito catártico
integrador, pois isto facilita o processo de “objetivação do subjetivo”, e a
passagem do imaginário ao simbólico.
Observamos como resultados da nossa pesquisa, que o jogo na Caixa de
Areia ou o que denominamos de Sandplay Psicodramático, é um jogo livre em
circunstâncias seguras, que contem dramaticidade e pode revelar conflitos, tal
como se espera de um jogo psicodramático.
Ao
contrário do Sandplay Junguiano, as cenas do Sandplay Psicodramático poderão ser
desdobradas, recriadas e transformadas em novas cenas, a partir do desenrolar
do role playing ou do jogo dramático.
Pois, como afirmamos, o cliente vai sendo entrevistado, assumindo os diferentes
papéis dos elementos/personagens expostos no seu cenário, além de desenvolvendo
diálogos, confrontos, movimentos, criando novas cenas, etc. Pode inclusive
recriar novos cenários a partir do inicial, no desdobramento de seu drama.
J. L.
Moreno enfatizou o trabalho no plano do “como se”, que pode ser desenvolvido no
nível de desenvolvimento de uma realidade suplementar. Ao experienciar este “plus de realidade” no Sandplay, o
cliente pode vivenciar seus mitos pessoais e coletivos, sonhos, delírios e
fantasias.
Utilizamos como sujeitos da nossa pesquisa uma grande variedade de
clientes em diversas modalidades de atendimento. Observamos que a técnica é
mais indicada para pacientes considerados "normóticos" e que se deve
evitar trabalhar com boderlines e psicóticos, para não correr riscos de ativar
um surto. No campo clínico, é uma técnica muito indicada para crianças,
adolescentes e adultos, que apresentam conflitos existenciais e disfunções
simples, depressões e deficiências em geral.
Observamos também que, na série de cenas, se detectam alguns aspectos
que precisam ser vistos na parte verbal da terapia e nas demais dramatizações
em cena aberta que podem se suceder. A própria atividade criativa já facilita o
processo psicoterápico, evitando-se a interpretação intelectual dos cenários.
Constatamos que o uso deste Jogo despertou a atividade onírica de alguns
pacientes, incluindo nos seus sonhos alguns personagens escolhidos numa
atividade anterior de Sandplay.
Por
outro lado, foi surpreendente a aceitação desta técnica em grupos
psiccoterápicos, com casais e grupos sócio-educativos, em especial em
supervisões.
Enfim,
como afirmam os junguianos (WEINRIB, 1993; FRANCO, 2003), observamos também que
os símbolos constelados e representados na caixa têm uma função “curativa”
natural, agindo como ponte para reconciliar os opostos envolvidos no drama
apresentado. O ato criativo, por si só, pode nos mostrar os caminhos para o
encaminhamento dos conflitos.
Aplicações
do Sandplay Psicodramático:
No nosso trabalho com psicoterapia de grupo
psicodramática, o Sandplay Psicodramático pode ser utilizado como um jogo
dramático, como modalidade de aquecimento, de duas maneiras. Na primeira, é
dada a ênfase no grupo como um todo.
Após um breve aquecimento, coloca-se a caixa de areia no centro da sala e
solicita-se que o grupo monte um cenário conjuntamente. Cada um escolhe suas
miniaturas e as coloca na caixa, um de cada vez, sendo observado pelos demais,
que complementam a imagem, silenciosamente. Neste momento é muito importante a
consigna do silêncio, para não permitir um excesso de racionalidade egóica.
Depois, constroem coletivamente uma estória, cada um acrescentando uma parte, à
medida que e sentir aquecido para tal (conforme figura abaixo).
Ao
iniciar a dramatização, é permitido que cada participante use qualquer
personagem ou elemento do cenário para representar e assumir um papel e
prosseguir na dramatização. O participante que atua poderá ser entrevistado
pelo terapeuta, que poderá fazer uso oportuno de técnicas básicas ( duplo,
espelho solilóquio e inversão de papéis), enquanto a ação dramática se
desenvolve e o tema protagônico se desdobra e se elucida.
Após o
grupo construir coletivamente a estória e dramatizar o que for necessário,
tenta entrar em consenso quanto ao seu título (ou títulos possíveis) e a um
cenário final. Segue-se, após o consenso de que a dramatização pode chegar a um
final definido pelo grupo, à etapa do compartilhar de sentimentos.
Na
segunda forma de trabalho em grupo, é dada ênfase aos sub-grupos (quando o
grupo é grande ou o momento grupal requer que se trabalhe a situação em
subgrupos). Pedimos que cada subgrupo construa uma cena com miniaturas; em seguida,
que crie sua estória e a encene (dramatize), ou no cenário do Sandplay ou em
cena aberta, como preferir. Neste caso, o Sandplay é usado no contexto do
Psicodrama como uma técnica de aquecimento para o trabalho psicodramático
posterior, servindo para ativar e despertar temas protagônicos.
Adotamos o Sandplay Psicodramático em três contextos: 1) no contexto do
psicodrama bipessoal, quando a ênfase é dada a um indivíduo, às suas relações
consigo e com as figuras do seu mundo, à sua sociometria grupal interna, assim
como à sua relação interpessoal com o seu terapeuta; 2) no contexto da
psicoterapia psicodramática em grupo, quando a ênfase é dada ao indivíduo em
grupo, ao grupo como um todo e às relações interpessoais presentes; 3) no
contexto sócio-educacional, quando a ênfase é dada ao grupo social em questão,
sendo muito utilizado em supervisões clinicas; 4) no contexto da relação
conjugal, na terapia de base psicodramática com casais.
Observamos que o clima de aplicação
do jogo deve ser de aceitação incondicional, sem confronto, intelectualização
ou interpretação. O desenvolvimento de uma relação mais télica entre terapeuta
e cliente deverá já ter sido iniciado no processo terapêutico. A meta também é
fornecer um espaço acolhedor, relaxado, materno, uma espécie de “útero
psicológico”. A ênfase na experiência, além da representação simbólica concreta
do mundo interior, converte a fantasia numa realidade tridimensional, suplementar.
Isto ajuda a fixar e concretizar (objetivar o subjetivo) e a fantasiar.
Na nossa experiência, o Sandplay
Psicodramático tem despertado em especial o interesse de grupos terapêuticos,
por possibilitarem a emergência de conflitos pessoais e interpessoais,
revelarem tramas e questões de subgrupos, questões que permeiam o
co-inconsciente grupal. Tem sido um jogo bastante solicitado espontaneamente
pelos pacientes, que afirmam de vez em quando sentirem, inclusive, “saudade”
dos cenários, ou do simples fazer cenários e criar estórias como forma de
aquecimento no início da sessão, como forma de avaliar subjetivamente o
tratamento, de mobilizar novos conteúdos, etc.
Utilizamos esta estratégia de trabalho com o
foco sócio-educacional, para trabalhar a supervisão de alunos do curso de
Formação em Psicodrama na PROFINT/SE, aquecendo para que este entre no papel de
seu cliente e, desenvolvendo na caixa um cenário que este (seu cliente),
poderia desenvolver. Outra forma é solicitar que ele crie um cenário que represente
a sua relação com o seu cliente. Assim, podemos analisar como o terapeuta
internalizou as imagens internas do seu cliente, verificar melhores estratégias
de trabalho, fatores télicos e transferenciais, impedimentos, defesas, etc.
Outro caminho utilizado é a inserção deste
jogo no trabalho do Psicodrama aplicado ás organizações, quando solicitamos
que, por exemplo, numa escola, os professores desenvolvam cenários em grupo,
focalizados nas questões institucionais. Estas experiências favorecem a emergência
do co-consciente e do co-inconsciente grupal, assim como a emergência de temas
protagônicos a serem trabalhados coletivamente.
Exemplos do
uso do Sandplay Psicodramático no contexto clínico:
1.No
Sociodrama de Casais:
Este jogo, na modalidade psicodramática, também é aplicado no contexto
do sociodrama de casais. Como instrução inicial, propomos que o casal construa
(juntos ou em separado) um cenário representando sua relação. Quando os
cenários são feitos em separado, cada um pode dar um título ao seu cenário,
contar uma estória, dramatizar e, em seguida, procede-se ao compartilhamento de
percepções mútuas e sentimentos. Quando o cenário é construído conjuntamente, a
estória e o título também o são.
Temos
analisado qualitativamente os resultados de cada casal em atendimento e
observamos que, o revelar simultâneo de certas imagens internas pode
possibilitar ao casal uma percepção nova e diferente do relacionamento, onde
aparecem elementos significativos que serão temas durante o processo
terapêutico em curso. Além de concretizar a dinâmica do casal, pode ser um
valioso instrumento exploratório (em psicodiagnóstico).
A
caixa da areia se apresenta como um setting
físico e simbólico continente para os problemas do casal. Facilita que os
conteúdos do co-inconsciente conjugal e do inconsciente pessoal sejam
expressos, assim como as imagens arquetípicas do inconsciente coletivo, que
perpassam a relação conjugal ou são constelados, em determinado momento.
Por
outro lado, possibilita que a emergência
de padrões de comunicação presentes na relação conjugal, principalmente
os não verbais. Assim, o Sandplay Psicodramático viabiliza a interação não
verbal entre o casal e promove a conscientização de aspectos desconhecidos da
relação. Observamos, por exemplo, os símbolos da aliança conjugal e as
motivações inconscientes para a escolha do cônjuge. Para ilustrar este
processo, relatamos brevemente um momento da terapia de um casal por nós
atendido.
Era um
casal de noivos que estava se relacionando há oito anos, mas ainda não haviam
se casado. Ele tinha 32 anos e ela 29, profissionais liberais, de classe média.
Ela se queixava do excesso de possessividade e desconfiança dele; ele, por sua
vez, se queixava da indiferença e grosserias dela. Estavam construindo uma casa
e procuraram a psicoterapia por se sentirem inseguros quanto à decisão do
casamento futuro.
Na
4ª. sessão foi proposto pela terapeuta que construíssem um cenário na caixa de
areia e eles preferiram fazer dois cenários em separado, ao invés de apenas um,
conjuntamente. Ela se adiantou e fez o seu, deu o título de "Sem Esperanças", e criou sua
estória. Solicitada pela terapeuta, incorporou os papéis de alguns personagens
que criou e, em seguida, foi entrevistada nos papeis destes. Ambos
compartilharam e comentaram o seu cenário. Terminou sua cena chorando,
afirmando sentir-se "cansada e sem
esperanças de que ele pudesse mudar" (sic).
Em
seguida, o noivo construiu o seu cenário (vide figura 2), que incluiu, em
sequência, as miniaturas: 1) Mini escultura “La Pietá”; 2) uma boneca, vestida como profissional (e de costas
para a imagem anterior); 3) um barco no mar; 4) a imagem de Jesus crucificado;
5) a imagem da deusa da Justiça (vida profissional dele); 6) uma casa com um
jardim; 7) duas crianças (2 filhos); 8) um casal (lado a lado).
Criou
a estória de um homem que “era feliz e
recebia muito apoio da mulher, mas que fora abandonado pela mesma, e teve de
atravessar sozinho uma crise emocional, só confiando em Jesus Cristo neste
momento” (sic). Fora abandonado pela mulher, mas que sonhava, no futuro,
passar num bom concurso na sua profissão, casar com ela e ter filhos.
Ao
comentarem sobre o cenário do homem ele revelou que, no início (nos 5 primeiros
anos de relacionamento), a noiva realmente o “carregou no colo” (sic), pacientemente, e o ensinou a amar
(referiu-se à miniatura 1). Depois, comentou que ela lhe virou as costas, ficou
rude e impaciente (referiu-se à miniatura 2). Daí, ele teve de atravessar um “mar bravio e a noite escura da sua alma,
sozinho, sendo apoiado pela sua fé e pelo senso de justiça” (sic). No
entanto, afirmou que nos 5 primeiros anos ele a traía muito, tinha outras
mulheres e ela o aceitava, compreendendo e esperando que ele amadurecesse.
Ela,
muito inquieta, fez uma intervenção neste momento e afirmou que, hoje, se
encontra cansada deste papel de “mãe
boazinha dele” (sic). A terapeuta pontuou que a imagem escolhida por ele, a
miniatura 1, da famosa escultura “La
Pietá”, era representativa de uma relação protetora mãe e filho. Ele,
surpreso, disse não ter lembrado disto, conscientemente, ao escolher tal
miniatura.
Passou em seguida a relatar a sua história
de relação com sua mãe, que antes era protetora em excesso para com ele, mas
que "lhe virara as costas"
(sic), após ele não ter correspondido às suas vontades, nem seguido os projetos
que ela sonhara para ele. Sentiu-se rejeitado pela mãe e deprimido. Associou
neste momento à sua necessidade de que sua namorada o aceitasse em tudo,
suprisse as carências dele, e à sua eterna desconfiança do afeto incondicional
dela (como transferência materna). Viu o quanto cobrava da namorada o que antes
possuía da mãe: mimos, aceitação incondicional e atenção exclusiva.
A
terapeuta pediu em seguida que ela entrasse em cenário dele e se colocasse, se
ele permitisse. Como ele permitiu, ela mexeu nos bonecos que estavam lado a
lado (miniatura 8) e os colocou frente a frente, iniciando um confronto verbal
com ele, colocando os bonecos no centro da caixa. Entrou no papel da boneca
(ela) e verbalizou o que precisava dele: ser colocada agora no colo e
compreendida no seu cansaço. Queria ser reconhecida “não como a mãe dele, mas como a sua mulher” (sic). Ele respondeu
entrando no papel do boneco que representava ele e, depois, conduzidos pela
terapeuta que se utilizou das técnicas do duplo e da inversão, vivenciaram uma
verdadeira inversão de papéis.
Concluíram esta sessão emocionados e abraçados, compartilhando suas
percepções e necessidades mútuas. Afirmaram que não queriam se apegar a um
projeto idealizado de casamento futuro, não podiam alimentar
"esperanças", sem antes se conhecerem melhor, reconhecerem as sombras
e complexos pessoais que afetam a relação, etc. Afirmaram que a sessão com o
Sandplay foi bastante elucidativa para clarear um conflito central da relação
do casal.
2. No Psicodrama com crianças:
As crianças naturalmente já chegam ao setting terapêutico aquecidas,
inclusive para um trabalho com a caixa de areia. Desde a 1ª sessão, ao entrar
na sala, correm para frente da estante onde se encontram as miniaturas, olham
cada uma atentamente, encantadas e surpresas por terem ido se consultar com uma
pessoa cheia de brinquedos, ou seja, uma pessoa que “gosta do que elas gostam”
e que entende o seu mundo infantil. Elas não se importam em se sujar ao mexer
na areia, pelo contrário, são atraídas por esta. São mais abertas ao lúdico, já
estão preparadas para a brincadeira, pois sua flexibilidade, liberdade,
espontaneidade e criatividade são genuínas. Sua mente ainda não está habitada
pelo excesso de conservas culturais, de princípios morais que cristalizam suas
ações, em geral são livres pra criar.
Já vimos neste capítulo como as técnicas psicodramáticas são aplicadas à caixa
de areia, da construção do cenário à criação de uma estória. Na nossa experiência,
as crianças demonstram mais facilidade em montar o cenário deixando fluir suas
imagens inconscientes e um pouco de dificuldade quando damos a consigna de
“criar uma estória”. Ficam paradas e um pouco confusas se aquilo faz parte
mesmo de uma brincadeira, pois agora passamos para um momento mais verbal. No
entanto, elas criam as estórias com mais facilidade e espontaneidade a partir
do “Era uma vez...”, pois retomamos o imaginário quando usamos este
termo, o que também torna o ambiente da caixa de areia mais seguro e livre para
os sentimentos e os conflitos surgirem.
As crianças menores geralmente não fazem a ligação entre sua vida real e os
personagens no momento em que estão criando a estória, o que os adultos fazem
com facilidade e com freqüência.
Observamos durante as experiências com caixa de areia, que este
instrumento terapêutico funciona como objeto intermediário e lúdico facilitador
na interação com a criança. Crianças mais tímidas, introspectivas ou com
dificuldades na comunicação participam ativamente de todo processo na caixa de
areia. A caixa é como um útero seguro, no qual as crianças ficam à vontade,
externam conflitos reprimidos e, muitas vezes, obscuros à própria consciência.
Acompanhando o caso de uma linda menina de 10 anos, surpreendemo-nos quando em
uma caixa de areia ela escolheu duas miniaturas, uma caveira e uma bailarina,
colocou-as centralizadas uma de frente pra outra e disse que ambas a
representavam. A garota explicou seu cenário: a caveira era como ela se
percebia, gordinha, feia, com notas baixas, menos inteligente que seu irmão,
que não gosta de fazer balé. Era também como ela estava se sentindo, com
angústia, tristeza, infeliz. Já a bailarina, era como a mãe dela gostaria que
ela fosse. Trabalhar esta imagem dualizada dela mesma, assim como a relação
mãe-filha a partir da construção do cenário da caixa, foi mais suave e
significativo para a menina do que verbalmente.
É importante estar atento à postura do terapeuta diante das crianças. Não
fingir nas brincadeiras, ser espontâneo tanto quanto possível, pois a criança
sente quando o adulto está fingindo brincar e, automaticamente, se retrai ao
compartilhar dados de sua história de vida.
Retomando outro caso, após a entrevista com
os pais na 1ª sessão, tivemos o primeiro contato com Marcos (nome fictício), um
cliente de quatro anos, na 2ª sessão. Ele era magro, sorridente, comunicativo e
ativo. O motivo da busca pela psicoterapia foi sua dificuldade de aprendizagem
na escola. Durante dez sessões, tanto nos jogos, no uso do sandplay na caixa de
areia e na dramatização de um sonho, percebemos o quanto o mundo interno de
Marcos estava conflituoso, deixando-o com dificuldades de atenção e
concentração e com agitação psicomotora. A queixa da professora de Marcos era a
hiperatividade, pois ela não conseguia mantê-lo em sala de aula. .
Na entrevista com os pais, relataram que durante estes primeiros anos de vida
de Marcos eles não iam para a praia, não o deixavam tocar em animais e nem no
chão, só a partir dos 2 anos, o que o fez andar mais tarde; mas, os pais não
reconheciam isso como explicação para tal fato. A mãe não trabalhava, tinha
mania de limpeza e percebia os problemas do filho em casa e na escola, tomando
a decisão de seguir a sugestão da professora de procurar ajuda em psicoterapia.
O pai trabalhava e passava o dia fora de casa, mas discordava com a necessidade
de psicoterapia. Os pais lhe podavam atitudes de amadurecimento, uma vez que
ainda dormia entre os pais e fazia uso da mamadeira constantemente, até para
beber água.
Numa sessão, Marcos pegou vários meios de transportes em miniaturas, carros,
aviões, helicópteros, caminhões e barcos, virou todos de cabeça para baixo e os
cobriu de areia (os enterrou). Demonstrou um turbilhão de interesses e vontade
de acabar logo aquela estória para passar para a próxima brincadeira. Ao
perguntar o nome daquela brincadeira, ele respondeu “Tá tudo morto” (sic). A terapeuta perguntou: “Como assim, está tudo morto?”; e ele respondeu: “Sou eu, tá tudo morto, acabou. Não quero
mais” (sic). Essas imagens inconscientes de destruição interna foram
projetadas em cada miniatura enterrada.
Como conseqüência da mobilização do trabalho na caixa da sessão anterior, na
seguinte Marcos nos trouxe um sonho, que trabalhamos com dramatização,
contribuindo assim para desvendar conteúdos inconscientes e seus complexos.
Portanto, na sessão seguinte a esta caixa de areia, Marcos chegou dizendo que
teve um sonho e que queria contar: “O papai atropelava a mamãe, ela caía,
jogada na calçada e morria...”(sic).
Sugerimos fazer de conta que o sonho estava acontecendo naquele cenário.
Solicitamos que ele recriasse a cena do sonho de onde ele parou, utilizando a
técnica da extensão psicodramática do sonho, utilizando a realização simbólica
e a realidade suplementar, para aliviar a tensão presente naquela cena. Então,
na cena, ele vivia os papéis e ia verbalizando: “Eu viro médico, de repente,
para salvar a mamãe... e depois bato no papai...”
Durante a encenação, sugerimos algumas inversões de papéis entre Marcos, o pai
e a mãe. Foi uma dramatização diferente, em ritmo acelerado, com muita ação, na
qual a terapeuta e a criança jogavam e invertiam os papéis, num jogo que
representava um drama intenso da vida da criança.
Neste sonho, ele entrou em contato com o medo de perder a mãe e de que o pai
ocupe todo amor da mãe, tomando-a só pra ele; além dos sentimentos de culpa se
não conseguisse proteger e salvar a mãe. Pois, com apenas 4 anos, quando
o pai sai pra trabalhar ele se sente responsável em tomar conta da casa.
Nas sessões seguintes trabalhamos
os limites que não eram colocados pelos pais para esta criança: limites de
horário, de arrumar brinquedos, de cuidado com os brinquedos e miniaturas, além
do manuseio com a areia, não pular em cima das poltronas, nem espalhar
almofadas, ter hora para cada coisa, etc. No manuseio da caixa, com areia e
miniaturas, trabalhamos as regras, os limites que Marcos precisava desenvolver.
Ele sempre questionava e ficava inquieto na poltrona, mas o interesse pelo jogo
do Sandplay o fazia superar tal dificuldade. Muitas vezes o cenário da caixa
era rapidamente abandonado e passava a ser dramatizado em cena aberta, com
Marcos assumindo o enredo e os papeis das miniaturas antes escolhidas.
A disposição do terapeuta no
trabalho com crianças é essencial, pois a dramatização é espontânea, sem freios
e sem vergonha de falar o que sente.No início de algumas sessões, realizamos
exercícios de relaxamento com músicas suaves e propomos breves internalizações,
com o objetivo de aquecer a criança para dramatização/desenvolvimento da sessão
e trabalhar a atenção e concentração também durante as atividades de Sandplay.
No nosso entendimento do psicodrama
com crianças é importante trabalhar também o compromisso dos pais e a
co-responsabilização destes com o processo. E talvez, eventualmente trabalhar
com o Sandplay o desenvolvimento do papel de pais, solicitando que eles montem
cenários de como se sentem neste papel, cenários da família, etc. Neste caso, o
uso de temas pré-estabelecidos pode ajudar na objetivação do subjetivo e
facilitar na visualização de novos focos a serem trabalhados com a criança.
Finalizando...
Enfim,
revendo o percurso do Psicodrama e pensando nas suas perspectivas futuras, acreditamos
que este tem muito a crescer quando os psicodramatistas ousam não apenas
reproduzir as técnicas já existentes, mas tentam criar novas técnicas, na
interface com outras abordagens existentes, que trabalhem no sentido de
desenvolvimento do homem espontâneo-criativo, num exercício de
trans-disciplinaridade. Abordagens que, como o Sandplay, visam captar imagens
inconscientes, compreendendo-as através da multiplicidade dos itinerários
humanos lógico-racionais e mítico-imaginários.
Concluímos com
nossa pesquisa que a técnica do Sandplay pode ser uma excelente auxiliar no
processo psicodramático. Observamos que ela pode ser um jogo dramático que
encerra muitas vantagens, especialmente para o psicodramatista tímido ou para o
cliente que ainda não esteja familiarizado com a dramatização em cena aberta,
que prefere não se movimentar muito ou está impossibilitado de assim proceder.
A técnica
mantém, até certo ponto, as possibilidades da ação dramática, pois não envolve
o corpo do paciente, esta sendo a sua maior desvantagem; mas, em contrapartida,
oferece novas possibilidades de jogar com as imagens, mais amplas e ricas,
tridimensionais, principalmente se o número de miniaturas disponíveis nas
prateleiras do terapeuta for grande e variado, suscitando um número maior de
associações e despertando a intuição conjunta do par terapeuta-cliente. Neste
sentido, ultrapassa o valor do desenho, pois supera a dificuldade do saber
desenhar, embora seja um recurso plástico, cenográfico, escultural. As
miniaturas funcionam também como excelentes egos auxiliares no psicodrama
bipessoal, que carece deste recurso.
Nos trabalhos
grupais, tanto no foco psicoterápico quanto no sócio-educacional, observamos
que favorece a emergência das questões co-inconscientes que atravessam as
relações interpessoais, muitas vezes revelando também a constelação de questões
arquetípicas e sincrônicas.
O que não
podemos perder de vista no trabalho com esta estratégia terapêutica é a visão
filosófica que a fundamenta, a postura psicodramática e seus conceitos
teórico-técnicos básicos, que inclui o desenvolvimento da espontaneidade, da
tele, a promoção do lúdico, o privilégio dado ao jogo no “como se” visando o
Encontro Existencial. Não devemos esquecer o contato com a perspectiva de seus
vínculos sociais e o desenvolvimento de seus diversos papéis, nos diferentes
contextos. Se, para J. L. Moreno, o Psicodrama é a busca das verdades veladas
por métodos dramáticos, ele nos deixou o legado de continuar a sua obra,
recriando-a através do desenvolvimento de novos caminhos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMMANN, Ruth. A
Terapia do Jogo de Areia - imagens que curam a alma e desenvolvem a personalidade. São Paulo, Paulus: 2002. CAPRA,
Fritjof. As Conexões Ocultas – Ciência para uma vida sustentável. São Paulo,
Cultrix: 2002.CAPRA, Fritjof. O Tao da
Física – um paralelo entre a Física Moderna e o
Misticismo Oriental. São Paulo, Cultrix: 1975.
CUKIER, Rosa. Psicodrama Bipessoal - teoria e técnica.
São Paulo, Agora:2000.GRINBERG, Luis Paulo. Jung,
o homem criativo. São Paulo, FTD: 1997.FONSECA FILHO, J. de S. Psicodrama da Loucura - correlações entre
Buber e Moreno. São Paulo, Ágora: 1980.FRANCO, Aicil. O jogo de areia: uma
intervenção clínica.São Paulo: s.n., 2003 (252 pp). Dissertação (mestrado)
– Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Departamento de
Psicologia Clínica.Orientadora: Elizabeth Batista Pinto Wiese. LE BOULCH, Jean. O
desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos - A psicocinética na idade pré-escolar.
7ª Edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.MACIEL, Corintha. Mitodrama.
São Paulo, Ágora: 2000. MORENO, J. L. Psicodrama.
São Paulo, Cultrix: 1975. MORIN, Edgar.
A Religação dos Saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil: 2001.PENA-VEGA & NASCIMENTO. O
Pensar Complexo – Edgar Morin e a crise
da Modernidade. Rio de Janeiro, Garamond:1999.WEINRIB, Estelle. Imagens
do Self: o processo terapêutico na Caixa de Areia.São Paulo: 1993. RAMALHO,
Cybele. Aproximações entre Jung e Moreno.
São Paulo. Ágora, 2002.SILVEIRA, Nise. Imagens
do Inconsciente.Rio de Janeiro, Alhambra: 1981.SILVEIRA, Nise. Jung: vida e obra. 17ª. Edição. Rio de
Janeiro. Paz e Terra:1997.
*As autoras:
1. Cybele Maria Rabelo Ramalho – psicóloga,
psicodramatista didata e supervisora, diretora da PROFINT/SE, especialista em
Psicoterapia Analítica, professora da Universidade Federal de Sergipe, autora
do livro “Aproximações entre Jung e
Moreno”(2002) e co-autora do livro “Descobrindo
enigmas entre heróis e contos de fadas - entre a Psicologia Analítica e o
Psicodrama” (2008). Endereço: Praça da Bandeira, 465, sala
407, Aracaju, SE. CEP: 49010470. Fone (79) 32144360 e 99872693. E-mail: rabelo.ramalho@hotmail.com.
2.
Vanessa Ramalho Ferreira Strauch -
psicóloga, psicodramatista (PROFINT/SE), atualmente atuante no Núcleo de Apoio
à Saúde da Família (NASF) em Salvador/BA e com especialização em Saúde Pública.
Endereço: Av. Oceânica, 2411, apto. 205, Edf. Costa do Sol, Ondina. Salvador /
BA. E-mail: ramalhonessa@uol.com.br.
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